Aprendei a buscar a tua lenda pessoal — uma curta narrativa sobre os sinais em minha vida.

Alcivanio (Swift)
5 min readOct 8, 2016

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Eu lembro da primeira vez que eu li The Alchemist. Eu tomei ele emprestado de um amigo que eu acabara de conhecer, e o primeiro assunto que conversamos foi sobre o livro. Ele disse que iria me emprestar, e então fui buscar esse livro na casa dele. Eu ainda era bem jovem, talvez com uns 15 anos de idade. As primeiras páginas me encantaram, as palavras combinavam e ressoavam dentro de mim. Era como se o que eu estivesse lendo fosse na verdade uma melodia para a alma. Cada página me encantava um pouco mais, cada gravura me fazia viajar num desconhecido de possibilidades inexprimíveis dada a infinitude das mesmas. Foi um livro rápido de ler, e que tinha uma alta carga emocional/espiritual.

Muitos pensamentos ficaram, muitas ideias nasceram, muitos caminhos foram traçados com aquela leitura. Muita coisa mudou. Acho que um dos ensinamentos que melhor ficou gravado em mim, desde aquela época, foi a lenda pessoal à qual o autor tanto chama atenção. Na verdade o livro é sobre a descoberta da lenda pessoal. Bom e esse texto até agora sem muito sentido é pra falar um pouco mais sobre o que eu considero como lenda pessoal pra mim, sabe, esse texto é talvez o mais sincero que escrevi, por que fala sobre os desejos sinceros de meu coração.

Eu não tenho lá muitas lembranças de minha infância, mas três das primeiras lembrança da minha infância me chamam muita atenção. A primeira é sobre o tempo que eu passava com uma professora que minha mãe pagava pra me ensinar. Eu aprendia o básico com ela: matemática e caligrafia. Os momentos que eu passava com ela realmente me faziam bem feliz. Aprender coisas novas e depois mostrar pros meus pais que eu havia adquirido novos conhecimentos me fazia mais completo. Era uma felicidade toda!

A segunda lembrança de minha infância que me chama atenção e importa para esse texto é sobre um livro de ciências de terceira série que um irmão mais velho meu havia deixado acessível a mim. O livro certamente era abarrotado de conhecimentos e conteúdos, mas um deles era muito especial, tanto que lembro dele até hoje. Ali eu encontrei uma gravura de fósseis de dinossauros. O livro falava sobre como cientistas e historiadores conseguiam remontar ao passado com peças simples como essas. Através de um trabalho de investigação eles descobriam que aqui na terra viveram animais gigantes e incríveis. Através da leitura eu pude aprender aquilo.

A terceira é sobre um livro que eu ganhei de uma professora do ensino fundamental, acho que eu estava na quarta ou terceira série. Bom, era um livro sobre folclore e que contava várias histórias típicas do folclore brasileiro. Eu amava praticamente todas as histórias daquele livro, mas uma delas me chamava muita atenção, pois envolvia mistério e também o sobrenatural. Era uma narrativa sobre uma princesa que se perdeu numa floresta.

São três histórias que marcam o início da minha vida, e que me definem muito. Minha curiosidade pode vir do fato de eu querer ser um historiador, amo muito a cultura popular brasileira, talvez por haver aprendido naquele livro que a gente tem muita coisa interessante pra mostrar pro mundo, e por fim, talvez o meu desejo por sempre aprender e colocar uma carga nisso venha do fato de que desde cedinho eu fazia isso. Três histórias que me levam para o mesmo caminho, caminho esse que eu senti na pele hoje que me evoca.

O Alcivanio de 2016, 22 anos, gosta de muitas coisas! Programação, Steve Jobs, Pixar, Disney, Empreendedorismo, Religião… mas tem algo que me move: histórias. EU ADORO SENTAR E OUVIR AS PESSOAS. EU ADORO OUVIR NARRATIVAS SIMPLES, MAS CHEIAS DE DETALHES. EU ADORO OUVIR O MEDO E A ALEGRIA DAS PESSOAS. EU ADORO VER O SORRISO NO ROSTO DO NARRADOR QUANDO ELE FALA COMO SE SOBRESSAIU DO MOMENTO RUIM. SIM, EU ACHO SENTIDO NISSO.

Histórias me movem, e contar histórias me move também. Tocar o coração das pessoas com uma narrativa sincera me leva pra um patamar de realização. E hoje tive uma experiência incrível com isso. Para alguns pode parecer bobo, para outros arrogante, mas vou me precaver: Na verdade, isso é apenas o meu espírito encontrando conforto ao saber que ao menos uma vez na vida eu realmente tomei um caminho certo, onde encontro abrigo! Deixa eu contar pra você leitor assíduo desse longo texto. Bom, estava eu na sala de aula, e um professor pediu-me para ler uma cara endereçada a Papai Noel que eu havia escrito a pedido dele alguns meses atrás. Eu aceitei imediatamente, pois de fato havia escrito aquela carta para que fosse lida. Na verdade, no início fiquei meio bobo, não gosto tanto de ler meus próprios textos, prefiro que outros os leiam em voz alta. Mas fui em frente. Desatei em ler, num ritmo que evocava toda a sinceridade que coloquei naquelas palavras, e ali eu havia escrito palavras bem simples, que minha alma falava. Ao passo que ia lendo, minha voz ganhava mais entonação, a folha estava no meu rosto, eu estava escondido no texto. Li, li e li. Ao terminar, tirei a folha do rosto e todo mundo estava olhando pra mim. Silêncio. O professor, também olhava pra mim. Estendia a mão em minha direção, palma aberta, e dizia “parabéns!”. Do outro lado da sala os alunos batiam palmas e me davam parabéns pelas palavras. “Esse cara sabe que ele pode ser um escritor”, falava um deles. Eu respondia pra mim mesmo, com um sorriso transparente “É verdade, tu sabe lá no fundo que tu tem que ir atrás disso”. Foi realmente bem emocionante para mim ver uma sala inteira tocada. É, o poder que as palavras sinceras possuem é realmente muito profundo.

Sabe, são esses sinais, que podem até parecer bobos, mas são esses sinais que fazem com que vejamos o caminho que estamos seguindo com mais clareza. Minha alma se regozija com a escrita, com as histórias, com o amor terno… É isso que nos faz ver o quanto estamos perto de nossa lenda pessoal.

E mais uma vez, obrigado por cada elogio naquela sala, cada palma, vocês, pessoal da turma de projeto social, fizeram meu ano :) E também gostaria muito de agradecer a todo mundo aqui dessa rede social que curte e principalmente comenta esse tipo de texto aqui, é isso que me faz ver que tudo isso realmente faz sentido.

Obrigado, de coração.

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Written by Alcivanio (Swift)

Computer Engineer + iOS Engineer. I am interested in Swift, Kotlin, Firebase, Data Structures, ASO & On Solving Real World Problems.

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